Como se ama quem diz que não quer ser amada?
Ama-se com todo o coração.
Porque ela diz isso para se proteger, para proteger quem a ama.
Porque ela também sabe que ninguém escolhe amar ninguém.
Pois só assim é possível ela amar tanto alguém como ela ama.
Escrevi de tarde as seguintes palavras, ainda envolvido pela tristeza que senti ao saber que não poderia falar contigo em paz, e que isso te fazia sentir aliviada. Pois, aqui vão elas cruas e nuas, marcadas com a dor.
De que vale saber que se ama, se estamos sós?
Será maior a dor por saber que se é amado?
Porque continua o mar a bater nestas pedras?
E aquelas gaivotas, porque voam?
Não deveria o mundo estar parado?
Não dizem que é o amor a roldana que faz girar o mundo?
Então o caos já deveria estar instalado.
Porque não começa?
O mar transformado num lago.
Os pássaros em terra.
Sem vento.
Sem chuva.
Sem frio.
Sem calor.
Relógios parados.
Cucos calados.
A vida que fugiu.
Tu, que a escondes em ti, também de mim queres fugir.
Viras-me as costas e tentas correr.
Não sabes para onde vais, sabes que não podes ficar.
Os únicos riscos que não podes correr são assumidos por ti.
Viras as costas ao amor.
Esqueces o desejo.
Pisas a paixão.
Não olhas nos olhos da vida.
Não te olhas ao espelho, porque sabes que ele não está do teu lado.
E, quando a noite cai, incompletos e sós, contemplamos o futuro que deveria ser nosso por decreto de lei do coração. Mas a tua cabeça para já, tem a maioria e ela decidiu.
Um dia a tua vontade de que eu parta, vai enfim triunfar. Porque certamente ninguém consegue sofrer assim tanto durante uma vida inteira. E estou certo que te levaria à loucura. E só com muita sorte nos colocariam aos dois no mesmo manicómio.
Quando ouvir a tua vontade, farei como o sol e mergulharei no mar.
Não sei por quanto tempo desaparecerei.
Demasiado pensarás tu.
Penoso, pensarei eu, um minuto antes de voltar.
E tal como o sol, que no dia seguinte à tempestade volta, quente, maravilhoso, imponente, assim voltará o nosso amor.
E finalmente seremos felizes.
Porque já não teremos barreiras nem muros para derrubar.
H, de hoje.
Depois de ver o teu sorriso, o coração acalma. Como sempre bate mais forte, mas tem a paz que a tua presença transmite.
Deitados na mesma cama, sonho o possível e o impossível, a felicidade que seria se aquele momento fosse eterno e foi, como diz o poeta, "eterno enquanto dure".
E ele abraça-me e pede que não parta.
E tu tocas-me com carinho e pedes em silêncio para que não parta.
Depois o teu desejo pede por favor para que parta, e o meu desejo grita para ficar mais um pouco a tocar-te. Nesse lugar que guarda a ultima fronteira, que depois de conquistada, vencida, beijada, amada, derrubada, penetrada, amada e amada e amada...nada será como dantes. Pedirás que fique. Ordenarás que não parta.
Eu, que tantas vezes te deixei escapar de entre os dedos, acredito nas minhas palavras e penso, como é possível?
Como foi possível 18 anos atrás?
15 anos?
9 anos?
No mês passado?
Derrotado mas não vencido fecho os olhos...
vejo o teu rosto...
um dos momentos em que me dizes sim...
o beijo roubado nos barris
o outro roubado na casa de banho
a noite em que parei a um centímetro do céu
as cozinhas do nosso amor
o pedido de casamento
o sim
E se tu não existisses
Diz-me por que existiria eu?
Pra vaguear num mundo sem ti
Sem esperança e sem lembranças
E se tu não existisses
Eu teria que inventar o amor
E sorrio porque sei que nos amamos mais do que seria desejado, porque sou teu e tu és minha, e como tudo na vida é uma questão de tempo. Resta saber, quanto.
Até já amor da minha vida!
Dá-me as tuas palavras.
Amo-te
Para ti, com todo o meu amor
Sempre teu
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